quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Coisa

"...a teimosia do sujeito humano, que resiste bravamente às repetidas tentativas de objetificá-lo."

Eu gosto do Bauman. Acho que ele é uma das pessoas que conseguem ver o ponto crítico a que chegamos. Seria o ápice do capitalismo? O consumo por consumo, a transformação das pessoas e sentimentos em mercadorias, a venda a qualquer preço.

O que eu penso é que por maior que seja a civilidade do ser humano, por mais que existam classes e regras sociais, o que o capital mostra é que o homem não é mais que bicho. Todos querendo ser donos da sua razão, achando-se donos do próprio nariz. Tadinhos, não têm idéia de que são resumidos ao instinto. Nas análises de comunicação publicitária e analisando a forma de consumo vê-se claramente: o homem precisa de sexo, comida e reconhecimento social e tudo isso se resume à vaidade.

A vaidade é cerne de tudo, a razão da compra. E como são montadas as fotografias publicitárias são montados também os seres humanos. Ele é objeto pela vontade de se igualar à imagem do anúncio. Ele quer ser o objeto. A mulher, por exemplo, quer ser a modelo da propaganda do jeans com cintura e nádegas "a la photoshop".

O objeto precisa do homem objeto pra sair por aí... para conhecer a vida além dos corredores dos shopping centers. O homem precisa do objeto, pra ser um outro objeto. Mais completo, mas ainda sim objeto.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008


"Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro
para uma unificação inteira
é um dos sentimentos mais urgentes
que se tem na vida."
(Clarice Lispector)