quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O bem-estar

Antigamente, muitas propagandas e artigos de revista traziam a palavra bem-estar como algo difícil, algo que requeria esforço e bons hábitos. Mas aquilo não era pra mim. Eu não entendia aquelas revistas estilo "Boa forma", com slogans do tipo "para o seu bem-estar". Onde que esse bem está? O que seria isso? Aliás, nem me perguntava. Pelo menos eu pensava que não. Mas hoje pensei exatamente isso, que naqueeela época eu não entendia aquilo. Agora compreendo. Minha mãe que reclamava de dores nas costas, sempre. Hoje sou eu.


Eu sei o que são momentos de bem-estar mas hoje vejo que é preciso zelar por esses momentos. Vejo que é preciso vigilância constante, é preciso prestar atenção ao que se come, à maneira de andar, de respirar, é preciso fazer atividade física, entre outras coisas. Pensei nisso numa tarde de extremo bem-estar, voltando pra casa, dentro de um ônibus e feliz. Bem feliz, com um ENORME bem-estar. E ele, o danado, é o que está lá dentro, está na essência, no fundo do ser. Pelo menos do meu.


Quando eu era mais nova, com aquela energia a todo vapor, tinha bem-estar de sobra, tempo de sobra. Aquilo que era inerente a mim parece que esvaiu um pouco. Não todo. Mas eu acho que a "adultice" preenche os tempos livres e bobos de criança com afazeres, "pensares" e preocupações.


Cresci encontrando o bem-estar quando estava na beira da praia, sentindo a brisa rosto. Hoje estou longe, mudando, mutante. Procurando meu bem-estar num paliteiro cinza. Minto: Nada de cinza. Porém, assim como é a vida em São Paulo, o bem-estar parece ser: rápido. Uma respirada numa praia ao lado, um pôr-do-Sol em Pinheiros, a vista de um mirante na Av. Paulista, um passeio diante de obras primas, arte, beijos de amor. Tudo muito rápido, como numa cadeia de pensamentos rápidos e contínuos. Mas aí eu penso: o que seria a vida além disso? Uma coleção de bem-estares. O único problema é que diante da vida adulta, você colhe potinhos de bem-estar, que nem água de chuva. É preciso que seu potinho esteja lá no ponto, no lugar certo, para conseguir aparar todo o bem-estar que puder colher.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Montanha-russa

Fazia anos que não pisava num parque de diversões, e o maior que já fui era uma cópia reduzida da Disney, na versão Européia – a EuroDisney. Estou em São Paulo e pensei muitas vezes em ir num dos parques por aqui. Parques de verdade, com montanhas-russas de “respeito” . Minha irmã deu a idéia do tal passeio nunca realizado e lá se foi eu reviver emoções infantis.

Estudar a sociedade de forma crítica te abre olhos de tal forma, que você nunca mais verá o mundo do mesmo jeito. Já entro no parque analisando todos os detalhes, a comunicação visual, a inserção de marcas dentro do contexto da diversão, o atendimento, o apelo ao consumo. Pros outros não é nada demais, só um parque: bonito, legal, divertido. Pra mim: CPU funcionando, processando.

E começo a pensar: o que leva pessoas a ficarem no Sol, andarem muito e ainda ficarem em filas para serem sacolejadas por aquelas máquinas toscas? O que leva as pessoas a passarem o dia inteiro sob influência de lavagem cerebral para pensarem que “O HOPI HARI É LEGAL”? Putz, eu quase piro escutando musiquinhas do tipo: “Lá Lá Lis, no Hopi Hari vc é feliz!”
Aí, pensando e sentindo todo o processo da “experiência” de estar num parque de diversões, com todos os enlatados que se tem direito, comecei a desenvolver uma explicação para o enfeitiçamento do parque:
  • As pessoas gostam da iminência de estarem se fudendo e depois ficam aliviadas, pois quando pensam que vão cair, acaba a brincadeira, como num sonho.
  • O ser humano é um bicho, que por mais que se diga racional, parecem ratinhos de laboratório nas filas dos brinquedos para sentir o próximo medinho.
  • O risco e o medo são coisas que fazem o ser humano conseguir sobreviver. Muitos falam do hábito como característica inerente aos indivíduos, mas se não gostassem de sentir o risco na pele, como justificar tanta gente que anda de montanha-russa?
  • O ser humano gosta de provar seus limites e é masoquista. Porque pra estimular o medo e ser sacudido daquela forma não pode ter outra justificativa.


E tem outras coisas que pensei e esqueci. Talvez saiam em alguma mesa de bar. Eu, como humana, me enquadro em tudo isso e penso: sou bicho? Selvagem? Sei não, coisa estranha é ser gente, como já dizia Clarice.


A aura mágica desses parques encantam sim, mas também cansam. Parece que sugam toda a energia. Parece que a adrenalina abre tudo, abre os poros da alma e você sai deixando toda sua alegria extasiada no alto do Elevador, que do susto não te deixa nem gritar. Do susto, do medo, você fica muda. Mas o bom do parque de diversões é que retirada a trava de segurança, tudo não passa de susto. O ruim é na vida real, que o susto e o medo viram fantasmas, e estes não morrem mais.


Mas ir ao parque de diversão é muito bom. O que eu descobri é que é quase igual ao mundo real. Já vi antes aquela descida da montanha- russa e fiz como sempre: respirei, fechei os olhos e fui.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Quando a vontade é maior que a pessoa


Não sei o que acontece comigo. Não sei mesmo. Mas quando vejo arte, me derreto. Quando vejo imagens lindas, suspiro. Adoro e pensei, em fins de mestrado em Semiótica, em estudar mais. Por que não no proximo ano? Depois de tudo no lugar acho que teria um tempinho pra pensar melhor sobre o que gosto de estudar. Então entrei no site da Fuvest e pensei em fazer Artes Plásticas na USP. Ainda é novembro e já estou com planos pro próximo ano. É porque tô louca que chegue. Vai ser ótimo! Vou voltar ao trabalho e vou também fechar um ciclo. Enquanto 2009 não vem, sonho
vendo exposições de arte, como simples alimento pros meus olhos. Essa aí é um pedacinho da exposição de Karin Rashid, no metrô Clínicas. Um cara que nunca tinha ouvido falar e descobri, numa palestra de Branding, que ele tinha desenhado uma sandália da Melissa. E soube também, que além dessa exposição no Clínicas, outra está acontecendo no Tomie Ohtake, do lado de casa. Vou lá com meus olhos brilhantes, e jogar mais umas purpurinas.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Perdi o dô

Todo mundo hoje tá meio perdido.

O ser humano ama a colcha confortável da rotina, mas que rotina existe hoje, se não sabemos nem quanto valerá nosso dinheiro amanhã? Embora, pensando assim, me lembrei de um programa do Jô Soares, quando ele chamou as mais importantes jornalísticas econômicas para falar das mudanças de todos aqueles planos de antigamente em relação a hoje. Sendo que esse hoje era um hoje antes da atual crise financeira atual. O "hoje" foi em 2008 e todos riam daquele passado tão distante, onde a jornalista Lilian Witte Fibe gargalhava também ao rever uma matéria, apresentada por ela, que dizia: "Comprem agora! Pois, por conta da inflação, o dinheiro recebido hoje compra o dobro de amanhã!" Ela mostrava os produtos que as pessoas poderiam comprar no dia e o que elas já não poderia comprar no outro.
E eu também fiquei assustada com aquilo. Eu era criança na época e não entendia necas de economia. Nem hoje eu entendo muito bem. Mas eu lembro quando foi feriado na escola por conta da morte de Tancredo Neves e da posse de José Sarney. E isso parece uma realidade bem distante dos tempos hipermodernos de capitalismo selvagem. Só que agora o mundo sofreu um abalo financeiro. Nem é só problema de planos econômicos de meia tigela numa economia quebrada mas algo acontecendo no coração do leão capitalista: EUA. Eu não entendo muito bem dessas coisas, mas tenho certeza que há algo de podre no reino americano! Só o tempo poderá, mais uma vez (ele sempre, reinante!), nos dizer o que vai acontecer.
E de novo penso: com tantas novas teconologias, com a economia em crise novamente virá uma dança das cadeiras. A nossa coberta, quentinha e gostosa do hábito, vai mais uma vez ter que se remodelar para novos tempos, que ninguém sabe ao certo o que são.